terça-feira, 11 de outubro de 2016

A “Revolta da vacina” novembro de 1904

A “Revolta da vacina”
novembro de 1904

Professora Sílvia M. L. Mota
O trabalho de pesquisa verificou-se nos periódicos constantes na Biblioteca Nacional, RJ, Brasil. As citações mantém-se fiéis aos originais.

“Semana maldita, some-te, mergulha no
grande abismo insondável do tempo,
onde há esquecimento para tudo.
O motim não tem fisionomia, não tem forma,
é improvisado. Propaga-se, espalha-se,
mas não se liga. O grupo que opera aqui não
tem ligação alguma com o que tiroteia acolá.
São independentes: não há um chefe geral
nem um plano estabelecido.”
Olavo Bilac, poeta
(1865-1918)

Nota introdutória

Pelos idos de 1904, o Rio de Janeiro ultrapassava períodos de convulsão social motivados pela reforma urbanística do centro da cidade, encetada pelo prefeito Pereira Passos, com apoio irrestrito do presidente Rodrigues Alves. O ambiente era favorável às manifestações de descontentamento no concernente às medidas aplicadas, como a demolição de residências populares, sem que o governo providenciasse o assentamento dos moradores em outras localidades.

A cidade abatia-se com a falta de saneamento básico, o que disseminava epidemias devastadoras como a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Para erradicar a varíola foi convidado o medico e sanitarista Oswaldo Cruz, então diretor-geral da Saúde Pública. O cientista convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória (31 de outubro de 1904), que permitia às brigadas sanitárias, escoltadas por policiais, entrarem nas casas para aplicar a vacina à força.

Desenvolvimento

Um furo de reportagem foi responsável pela difusão da notícia e, no dia 1º de outubro daquele ano, uma charge que ocupava a parte superior da primeira página do jornal Correio da Manhã, nas quinta e sexta colunas, ganhava o título: A Vaccinação. A Lei foi feita para os pequenos. Um monumento… gothico, que satirizava um hipotético monumento, que representaria a legitimidade histórica do método de imunização. Abaixo da estátua, a olhar para cima, um personagem simplório, com o dedo no queixo.[1]

O Correio da Manhã movimentou-se, com galhardia, para associar as medidas de Oswaldo Cruz à violência contra a população:
O governo cerrou ouvidos a prudentes avisos […]. Não ligou impportância á opposição de outros orgaos da imprensa. Só attendeu ao director de Saúde Publica que, para obter da população a observância dos preceitos hygienicos, não confia sinão na violência e na brutalidade. Não ha outros processos – dizem o Sr. Cruz e seus asseclas – para um povo atrazado como este.
Não é licito ter illusões sobre a sorte do projecto da terceira discussão. A Camara ha de aprovál-o como quizer o governo, embora divorciando-se cada vez mais do sentimento publico. O presidente ha de sanccionar a nova lei immediatamente, expedindo, em acto contínuo, o respectivo regulamento. Dentro de poucos dias teremos que assistir á invasão dos esbirros do sr. Cruz nas casas dos cidadãos que não estejam nas boas graças do governo, para, á força, vacccinál-os e á sua familia.
Para os poderosos e para os amigos do governo não haverá, entretanto, vaccinação obrigatoria, como não ha hoje as desinfecções, as fumigações, os expurgos violentamente praticados pelos servos do Santo Officio da Tortura Publica. As leis draconianas não são feitas para gente de alto cothurno. Os magnatas da Republica seguem os preceitos hygienicos que bem querem, sem que os incommode a auctoridade sanitaria que, si por ventura se mette a contrariál-os, recebe logo uma carta do ministro do interior, prevenindo-a de que são sagradas tão altas personagens.[2]

Logo depois, em 6 de outubro, o veículo esforçou-se por confirmar, a partir de uma reunião ocorrida no Palácio do Catete, a suspeita de que as intervenções poderiam tramitar sob o uso da força. Por outro lado, lançou dúvidas de que militares executassem as ordens. A partir dessa vertente, o jornal deixou de falar à população e passou à convocação velada de uma resistência dentro das fileiras do Exército:
Preparativos para a violência?

Hontem, ás 2 horas da tarde, no salão de honra da secretaria da justiça, realizou-se uma conferencia reservada entre os ministros do interior, da guerra e o chefe de policia, finda a qual o sr. Seabra partiu para o palácio do Cattete, onde conversou demoradamente com o presidente da Republica. Por seu lado, o marechal Argollo, logo que chegou ao quartel general, mandou chamar os generaes Costallat e Marinho, com os quaes teve também longa e reservada conferencia.
Todo esse movimento, segundo fomos informados, prende-se ás providências que vão ser tomadas ao ser decretada a vaccinação e revaccinação obrigatorias, cuja 3ª discussão foi hontem encerrada, e está portanto em vesperas de ser tornada lei entre nós.
Por ahi se póde calcular o que pretende fazer o governo para impor ao povo brasileiro a odiosa medida, contra a qual se têm manifestado todas as classes do paiz. [...]
O povo e sobretudo o operariado prepare-se para soffrer as violencias que estão sendo combinadas, mas com a alma e o coração tranquillos quanto á intervenção do Exercito nesse plano aterrorizador.
Aquelles que soffrem a indifferença e os desvarios do governo não descerão a servil-o para attentar contra a liberdade e a os direitos de um povo, que com elles está irmanado pela dor, que a todos acabrunha nesse pungitivo momento por que atravessa essa patria infeliz.[3]

Sobre a referida reunião, O Paiz salientou pronunciamento de Bricio Filho, articulista, médico e deputado federal: “[…] a minoria cumprira o seu dever, certa de que ninguem será aqui vaccinado compulsoriamente, embora a lei seja votada.” E estendeu-se na palavra de Barbosa Lima: “[…] não ha mais com que discutir e só ha que dizer, ao rematar esta deploravel campanha, aos meus concidadãos, que dignos da liberdade só são os povos capazes de se bater por ella e que a situação, creada por esse memoravel acontecimento, só me merece, a mim, representante do povo, o mais profundo desprezo!”[4]

Em 7 de outubro, o Correio da Manhã anunciou o início, a partir do dia seguinte, de campanha do jornal contra a obrigatoriedade da vacina e que seria realizada por Bricio Filho, fundamentada no fato de que a vacina em alguns casos seria perigosa, “[…] podendo até causar a morte.”[5]

No mesmo periódico e, na mesma data, nasceu a matéria que, até hoje é citada, sempre que se fala na revolta da vacina:
VACCINA OU MORTE

O governo arma-se desde agora para o golpe decisivo que pretende desferir contra os direitos e liberdades dos cidadãos deste paiz. A vaccinação e revaccinação vão ser lei dentro em breve, não obstante o clamor levantado de todos os cantos e que foi ecoar na Camara dos Deputados atravez de diversas representações assignadas por milhares de pessoas. Da posse desta clava, que o incondicionalismo bajulador e mesureiro preparou, vae o governo do sr. Rodrigues Alves saber si o povo brasileiro já se acanalhou ao ponto de abrir as portas do lar á violência ou si conserva ainda as tradições de brio e da dignidade com que, da monarchia democrática passou a esta Republica de iniquidades e privilegios.
O attentado planejado alveja o que de mais sagrado contém o patrimonio de cada cidadão: pretende se esmagar a liberdade individual sob a força bruta, transformar o domicilio, santuario que a Constituição garante inviolavel, em valhacouto de canalhas, onde os esbirros policiaes hão de floretear o cacete e manejar a laracha para abrir campo á hygiene official; pensa-se em reduzir a família brasileira a um conjuncto de entes indefesos, obrigando-a a ficar sob a ameaça imminente da morte, resultante dos mesmos descuidos e irreflexões que já cortaram a existência a infelizes desamparados.
Executar semelhante lei é condemnar todo um povo á mais humilhante das degradações, é feril-o no que elle tem de mais sensivel para, provocando-lhe a colera, saber si é capaz de reagir contra a decretação da propria escravatura. Vexames da ordem desses, ou anniquilam de vez os direitos de uma sociedade inteira, ou servem para, despertando-lhe os sentimentos adormecidos, dar inicio á sua completa libertação.[6]

Como se lê, a convocação à revolta popular é explícita e, na edição do 9 de outubro, o jornal reclamou acintosamente “[…] não é possível manter a impassibilidade ante o rumo que as coisas vão tomando.”[7]

Em 10 de outubro de 1904, o Correio da Manhã expôs crítica acirrada a Oswaldo Cruz, escrita por Bricio Filho, que não se opunha à vacina, mas à sua obrigatoriedade:
VACCINAÇÃO OBRIGATORIA

Logo que se fez doutor, teve o moço forte bafejo da fortuna e celere zarpou para os centros scientificos do velho mundo onde, com uma tenacidade digna de registro, entrou a fundo nas pesquizas da bacteriologia, conheceu minuciosamente todos os caldos de cultura, praticou com afinco a preparação dos sôros e mais productos injectaveis, e tornou aos patrios lares, sempre actuando dentro dos limites da mesma especialidade.
Aqui, continuou como bacteriologista, não se atirou aos lances da clinica, não se abeirou dos leitos dos doentes, não se habituou a sentir as dores dos enfermos, não testemunhou as angustiosas scenas das casas onde se adoece, e não adquiriu essa larga experiencia tão neccessaria ao facultativo para, quando chamado a dirigir departamentos da hygiene publica, estar em condições de pesar as circumstancias, de soffrear os impetos de mando, só propondo medidas estrictamente indispensaveis, lembrando-se de que, si por um lado tem o dever de resguardar a saúde da collectividade, por outro precisa manobrar com cautela, preso ao respeito que reclamara o lar onde rebente a molestia de notificação compulsoria, escravizado á observancia das garantias que a Constituição estabelece.[8]

Em 13 de outubro, a convocação que contribuiu para o apavoramento da população:
OS PERIGOS DA VACCINA
Retrato de uma vítima

Acha-se em exposição á porta do Correio da Manhã, para que o publico possa bem avaliar do que está arriscado com a vaccinação obrigatoria, o retrato de uma das muitas victimas da vaccina, publicado no supplemento do numero de setembro deste anno, do periodico The Liberator.
A proposito desse caso escreve aquelle periodico o seguinte, cujo texto em inglez, expomos tambem ao lado do retrato.
O retrato é de Benjamin F. Olewine, fallecido aos 23 annos de edade, em 23 de julho de 1897, na rua 11, n. 304, em Altvona.

“Foi vaccinado dois annos e meio antes da sua morte. Quando soffreu a vaccinação, a sua pelle era lisa e limpa, macia e bella, e elle, além disso, gosava de perfeita saúde. Mas, contemplae attentamente o seu retrato, e vêde o miserrimo estado a que chegou posteriormente. E qual a causa dessa assombrosa mudança? Qual? simplesmente a vaccinação, o grande destruidor da felicidade humana, da saúde humana e da vida humana. A vaccinação, a propagadora por todos os modos da molestia immunda, o monstro que pollúe o sangue innocente e puro de nossos filhos com as vis excreções expellidas de animaes morbidos, e de natureza a contaminar o systema de qualquer ente vivo.”[9]

A matéria expõe que os receios condizentes aos efeitos da vacinação não se limitavam ao contexto nacional. A homilia alarmista do Correio da Manhã era compartilhada por outros veículos de comunicação mesmo no velho mundo. O espaço ocupado por Bricio Filho nesse momento é modalizador: sendo favorável à vacinação, contrapunha-se, no entanto, à obrigatoriedade.

O trecho em epígrafe alude à “revolta da vacina”, materialização traumática do confronto entre discursos distintos acerca dos procedimentos públicos de combate às epidemias.[10] Ocorrida entre 10 a 16 de novembro de 1904 no Rio de Janeiro, destaca-se como um marco histórico na trajetória das políticas públicas brasileiras de saúde. Trata-se de um movimento popular instaurado em defesa dos direitos dos cidadãos de não serem tratados de forma arbitrária pelo governo.

Em 5 de novembro de 1904, o apelo à resistência popular intensifica-se:
APELLO AO POVO
Contra a vaccinação obrigatória

Consumou-se a iniquidade. O presidente da Republica acaba de sanccionar o decreto legislativo que torna obrigatoria a vaccinação em todo o territorio brasileiro.
Nunca foi tão clamoroso o descaso pela opinião publica. De nada valeram os reiterados protestos do povo desta capital contra a despotica medida pelo governo, encommendada á maioria legislativa.
Mas não se esgotaram ainda todos os recursos. Um meio digno resta-nos ainda para conseguirmos eliminar em breve, da legislação republicana, o inconstitucional decreto com que o governo acaba de affrontar o espirito liberal da nação.
Em favor desse alvitre fala bem alto o exemplo da Inglaterra, todos os dias invocada pelos nossos doutores constitucionais. Lá, como em toda a parte, o medicalismo conseguiu um dia dos delegados do povo a lei da vaccinação obrigatoria. Contra ella protestaram as tradições liberaes da élite britannica e o conjuncto do proletariado, o mais sériamente ameaçado pelo iniquo decreto parlamentar. [...]
Sigamos nós outros o exemplo da Inglaterra e muito breve veremos revogada o infanmante decreto que o presidente da Republica houve por bem sanccionar.[11]

Ainda que eloquentes fossem as convocações, somente no dia 6 de novembro surgiram no jornal informações sobre mobilizações contra a vacinação. Mobilizações, no entanto, já organizadas pela Liga Contra a Vaccinação Obrigatoria, o que sugeria que a insatisfação por parte da sociedade era referida, mas não vocalizada.
LIGA CONTRA A VACCINAÇÃO OBRIGATORIA

A reunião de hontem - No Centro das classes operarias - Discursos de protestos - A indignação popular - Duas mil pessoas. Á bala! - Movimentação policial - Manifestação ao Correio da Manhã - A fundação da liga e sua directoria - Varias notas.

Na reunião, assumiu a cadeira da presidência o senador Lauro Sodré que, entre aplausos da multidão estimada em cerca de duas mil pessoas, declara de forma vibrante: “[…] sinto-me feliz ao ver que a fibra patriotica levanta-se nesse justo protesto.”[12]

O tempo dramático culmina com prisões, confrontos e o próprio empastelamento do jornal, que ficaria durante o restante do mês de novembro sem circular. Um espaço privilegiado desse momento no periódico são as chamadas para os episódios que se seguiram.

O Correio da Manhã, em 9 de novembro, através de Gil Vidal, assinala: “Atmosphera de aprehensões que a lei da vaccinação obrigatoria está causando no espírito publico.[13]

Inúmeras pessoas negaram-se submeter à imunização, por desconhecerem os benefícios decorrentes da intervenção. Jornais da oposição criticavam a ação do governo e difundiam supostos perigos provocados pela vacina. Para além disso, o rumor de que a vacina teria de ser aplicada nas “partes íntimas” do corpo, o que levaria as mulheres a despirem-se diante dos vacinadores, agravou a ira da população, que se rebelou. Nesse contexto, as primeiras campanhas de vacinação pública foram achincalhadas, sob protestos da população, sendo necessário, até mesmo, o uso da força policial.

Os acontecimentos foram assustadores.

Em 10 de novembro, em decorrência da proibição de reuniões públicas estabelecida pelo governo, a polícia investiu contra estudantes que pregavam resistência à vacinação e foram recebidos a pedradas, ocorrendo as primeiras prisões.

Nessa data, o Correio da Manhã publicou, na íntegra, o projeto de regulamento do serviço de vacinação e revacinação contra a varíola submetido à apreciação de vários convidados do ministro da justiça e salienta: “Leia o publico esta estupenda obra sahida daquella forja incansavel do largo do Rocio […]”[14]
A LEI DO ARROCHO
Regulamento monstruoso
Violencias inqualificaveis
Ultrage ao povo

Invasão do lar e das casas de commercio - Novo registro civil - Addendo á reforma eleitoral - Condição para o casamento - Patriotismo experimentado na vaccina - Exercito, Armada e Guarda Nacional - O funccionalismo publico - Os operarios e os mestres de obras - As casas de commodos, os hoteis e as estalagens - Quem não fôr vaccinado tem de morar na rua - Condição para ser creado - Multas sobre multas - Terra de milhões - Insensatez ou loucura?[15]

Realmente, com a aprovação da medida pelo Congresso, foram estipuladas multas e restrições aos infratores, causando grandes reações. O Atestado de Vacinação passou a ser exigido trivialmente, desde a obtenção de um emprego público ao casamento.

Para os pesquisadores e estudiosos desse episódio, o texto redigido por Oswaldo Cruz era autoritário demais e pouco explicativo, o que gerou uma confusa e revoltada população.

Em 11 de novembro, o Correio da Manhã publicou a indignação de Gil Vidal, que nomeou o documento legal de “o monstruoso projecto”:
Foi extrema a indignação que o projeto do regulamento da vaccinação obrigatoria excitou no ânimo de todos os habitantes do Rio de Janeiro, cuja sensibilidade ainda não embotaram interêsses dependentes do governo e da administração sanitaria. Esse sentimento echoôu em todos os orgãos da imprensa que se manifestaram sobre o monstruoso projecto […][16]

Nessa edição, o jornal corroborou, ao enfatizar a adjetivação:
Esse monstro - é o qualificativo que merece o projecto de regulamentação da vaccinação e revaccinação obrigatorias em toda a republica – representa um dos maiores attentados que se tem praticado neste paiz, subvertendo todas as consciencias e fazendo mesmo com que os homens mais pacatos se levantem cheios de indignação deante da affronta atira á face da Nação.[17]

Na mesma data, O Paiz expôs, sem muito destaque “Conflictos de hontem: vaias e arruaças”.[18]

Em 11 de novembro, as forças policiais e militares receberam ordens para reprimir comício da Liga contra a Vacinação Obrigatoria e o confronto com a população generalizou-se para outras áreas do centro da cidade, causando o fechamento do comércio.

No dia seguinte, a imprensa denunciava, através do Correio da Manhã:
Parece proposito firme do governo violentar a população desta capital por todos os meios e modos. Como não bastasse o Codigo de Torturas e a vaccinação obrigatoria, entendeu provocar essas arruaças que, ha dois dias ja, trazem em sobressalto o povo. Desde ante-ontem que a policia, numa ridicula exibição de força, provoca os transeuntes, ora desafiando-os directamente, ora aggredindo-os, desde logo, com o chanfalho e com a pata de cavallo, ora, enfim, levantando proibições sobre determinados pontos da cidade.[19]

Em 12 de novembro, com a presença dos representantes da Liga, Dr. Vicente de Souza, o deputado Barbosa Lima e sob a presidência do senador Lauro Sodré, cerca de 4 mil pessoas saíram em passeata para o Palácio do Catete.

Na ocasião, a Associação de Resistentes dos Marinheiros e Remadores declarou: “Esta associação, constituida para libertar-se do dominio da escravidão, diante do monstruoso attentado contra a liberdade individual não podia deixar de protestar contra um acto illegal decretado pelo governo de uma republica que se diz civilisada.”[20] Assinou o documento, o secretário geral Jose Joaquim da Silva.

A Gazeta de Noticias, de 13 de novembro, descreveu a convulsão social:
OS FACTOS DE HONTEM
AS ARRUAÇAS
A reunião no Centro das Classes Operarias
CORRERIAS
PROVIDENCIAS DA POLICIA
VAIAS

No Largo de S. Francisco
Como ante-hontem, repetiram-se hontem as correrias e arruaças dos dous dias anteriores. Como na vespera, tiveram principio no largo de S. Francisco.
Desde que se manifestou o conflicto, deu-se a intervenção da força armada, segundo ordem do Dr. chefe de policia, que, por intermedio de seus delegados, determinara que a intervenção só se désse em caso de conflicto ou attentado á propriedade. […]
O primeiro conflicto
Na rua do Theatro, do lado de Theatro São Pedro, estava postado um piquete de cavallaria da policia. Ao approximar-se o grupo de populares, a gritos e a vaias, a força tomou posição em linha, prompta a agir, caso fosse necessario. A movimentação do piquete de cavallaria aterrorisou um tanto os populares, que recuaram.
Depois, julgando talvez que a cavallaria se oppuzesse á passagem, avançaram resolutos, hostilisando a força a pedradas.
O commandante da força mandou avançar tambem, dando-se o choque. As espadas rebrilharam e logo em seguida estampidos repetiram-se como se fossem tiros de revolver.
[…] Não foi ninguem ferido.
Serenado mais ou menos o animo popular naquelle trecho, seguiu a força a formar na praça Tiradentes, fazendo juncção com outro piquete que alli se achava postado.[21]

O Correio da Manhã publicou em 13 de novembro, sob a assinatura de Bricio Filho, uma ferrenha crítica a Oswaldo Cruz:
Quem quizer olhar direito para o que tristemente ocorre neste momento verificará, sem dúvida, que as scenas desenroladas são o resultado da obstinação em fazer ouvidos moucos aos clamores incessantes vibrados com estrepito. O Director Geral da Saúde Pública foi, desde o principio da sua administração, um privilegiado, um arbitrario, um despota, com o mais soberano desprezo das garantias constitucionaes. Arrimado nos infantes de palacio, seguro do apoio presidencial, certo de contar com a satisfação dos mais extravagantes de seus multiplos caprichos, o chefe audacioso do serviço sanitario de hygiene insurgiu-se contra tudo e contra todos, amarfanhou inclusive a classe medica, acabando por manter prisioneiro o ministro do interior, a quem começou a falar de superior a subalterno, entrando-lhe sempre pela secretaria com arrogancia e com soberba. Ao manifestar o minimo desejo, teve a seus pés autoridades genuflexas, obedientes e passivas, embora de alta posição. Executou as medidas que em sua elevada sabedoria reputou convenientes e fez quantas regulamentações lhe pareceram proveitosas, sem que o governo se lembrasse de chamar o concurso dos competentes no ramo da medicina e da jurisprudencia.[22]

Algumas contraditórios à convulsão social foram instauradas. Eis o disposto no jornal O Paiz, de desse data, pelas palavras de Pangloss:
O DIA

Enquanto se perde tempo e se despende energia nessa agitação injustificavel a pretexto da vaccinação obrigatoria, vamos deixando de lado as questões que realmente nos interessam e que affectam vivamente a situação do paiz. […]
A populaça na rua, a cavallaria a galope, as casas fechadas, alguns tiros de revolver e muitos vivas aos heroes do dia – eis o que constitue a affirmação solemne da independencia de caracter para os nossos “patriotas”. O paiz so vai bem quando a malta patriotica se resolve a occupar o largo de S. Francisco e a rua do Ouvidor…[23]

Ainda em 13 de novembro, na praça Tiradentes, uma multidão aglomerou-se e não obedeceu à ordem de dispersar. Houve troca de tiros e a revolta se espalhou por todo o centro da cidade. A população incendiou bondes, quebrou combustores de iluminação e vitrines de lojas, invadiu delegacias e o quartel da rua Frei Caneca. Mais tarde, os tumultos chegaram aos bairros da Gamboa, Saúde, Botafogo, Laranjeiras, Catumbi, Rio Comprido e Engenho Novo.

Em 14 de novembro, o Correio da Manhã publicou, em primeira e segunda páginas:
VACCINAÇÃO OBRIGATORIA
REACÇÃO DO POVO

Regimen do terror – Os acontecimentos de hontem – Façanhas da policia – Mortes – Feridos – A reunião do ministerio do interior – Bondes virados e queimados – Ataque ao gazometro – Suspensão do trafego urbano – Cidade às escuras – Movimento de força – Exercito e Marinha – Aspecto da cidade – Attitude do governo – Provocações – No largo do Rocio – No Cattete – Na Prainha – Na Avenida Passos - Barricadas – Um quartel e delegacia assaltados – Na Central de Policia – Acclamações ao Correio da Manhã – A rua do Ouvidor – Em nossa redacção – Notas diversas – Ultima hora.

MISERIA E MORTE
Está completa a divisa desse governo impatriotico e cobarde: o povo deste paiz já estava preso pelas algemas da miseria, surge agora a bala assassina da policia impondo obediencia a novos vexames e a maiores extorsões.
E, porque o povo quer demonstrar a sua reprovação, porque o povo deseja recorrer à Justiça do paiz, o governo cerca-se da propria força sustentado pelos impostos que cobra, e espalhando o terror pela cidade inteira, quer forçal-o á submissão com as balas que por todos os cantos deixam victimas.
O que se está vendo por essas ruas da capital da Republica não é um motim de arruaceiros, como classificou o mercenarismo, é o assassinato do povo perpetrado por ordem do governo.[24]

A Gazeta de Noticias, desse mesmo amanhecer, estampou em letras garrafais: Os conflictos de hontem: mortes e ferimentos:
OS FACTOS DE HONTEM

Os acontecimentos de hontem foram mais graves que os dos dias antecedentes.[25] […]

Na rua do Sacramento
No ar espresso fumo, negro, o escurecer o céu, em toda a extensão das trincheiras, homens, garotos e guardas nacionaes fardados, carregados de pedras, empunhando revolvers. Morra a policia! Abaixo a vaccina – gritavam.
Uma outra força pretendeu debandal-os, entrando pela rua de S. Jorge. Travou-se o teroteio, terrivel, medonho. Cahiram alguns feridos no chão. Da policia tambem foram feridos alguns soldados.[26] […]

A Carris Urbanos
O número total de bonds incendiados é de 22, sendo calculado o prejuizo em cerca de 80:000$000.[27] […]

Mortos e feridos
Paizanos e soldados[28]

Foi um dia de terror. Ocorreram tiros, brigas, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e queimado, linhas telefônicas cortadas, lampiões quebrados às pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores derrubadas: decididamente, o povo do Rio de Janeiro revoltara-se contra o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz.

No mesmo 14 de novembro, os conflitos persistiram por toda a cidade. O exército dividiu-se. O comandante da Escola Militar da Praia Vermelha, general José Alípio Costallat, foi deposto por um colega, o general Silvestre Travassos - que morreria horas depois, num tiroteio travado com as forças legalistas na rua da Passagem, no comando de cerca de trezentos cadetes da Escola Militar que marchavam rumo ao Palácio do Catete para depor o presidente Rodrigues Alves. Outro golpista, o senador Lauro Sodré, foi preso. Oswaldo Cruz apresentou ao presidente Rodrigues Alves a sua demissão do cargo de diretor geral da Saúde Pública - pedido que não foi aceito.[29]

Eis a notícia, da manhã seguinte, no Jornal do Commércio:

As arandelas do gás, tombadas, atravessaram-se nas ruas; os combustores de iluminação, partidos, com os postes vergados, estavam imprestáveis; os vidros fragmentados brilhavam nas calçadas; paralelepípedos revolvidos, que servem de projéteis para essas depredações, coalhavam a via pública; em todos os pontos destroços de bondes quebrados e incendiados, portas arrancadas, colchões, latas, montes de pedras, mostravam os vestígios das barricadas feitas pela multidão agitada. A viação urbana não se restabeleceu e o comércio não abriu suas portas.[30]

Também, o jornal Correio da Manhã expôs a tragédia:
VACCINAÇÃO OBRIGATORIA
REACÇÃO DO POVO

O dia de hontem – No palacio – No Congresso – Na Central da Policia – No ministerio da justiça – Continúa a mashorca – Em plena cidade – Nos suburbios – Forte Resistencia na Saude – As forças do exercito – A Escola Militar sublevada – A Escola do Realengo – Combate renhido – A força da policia desbaratada – O senador Lauro Sodré e o deputado Barbosa Lima – Prisão do dr. Vicente de Souza e do major Gomes de Castro por ordem do governo – Delegacias tomadas pelo povo – Sahida do “Deodoro” – Torpedeiras de fogos accesos – Situação gravissima.

O que se está passando […] desta cidade é a demonstração […] do estado de demencia a que chegou o governo, assessorado pelo energumeno ministro da justiça. […]
O próprio ministro do interior já declarou que o seu director de saude publica abre mão do capricho pueril que o incitava a querer levar por violencia a imposição da vaccinação tal como ella se pretendia fazer no seu disparatado regulamento.
Este foi por todos repudiado, até pelo seu proprio autor, que o engeitou, convencido pelos competentes de que o parto de seu acanhado cerebro de administrador era um producto teratologico, repugnante, asqueroso, a que se devia negar todas as condições de viabilidade. De sorte que, para pôr termo á agitação popular, justificada pela repulsa em nome do direito e da liberdade, bastava que o governo declarasse não fazer mais questão da malfadada lei.
Dahi não viria quebra para o seu prestigio nem se diminuiria o principio respeitavel da autoridade. Para um governo de opinião, emanado do voto popular, é sempre honroso ceder á opinião, quando esta não se manifeste contra os principios cardeaes que regem o systema, contra o que esta regular e legalmente estabelecido contra uma medida reputada de salvação publica.[31]

O governo teve 32 baixas, nenhuma fatal. Entre os rebeldes, três mortos e sete feridos.

O Paiz lamentou as ocorrências, em longa matéria:
A SUBLEVAÇÃO DA ESCOLA MILITAR

Os antecedentes do movimento – Deposição do Commandante da escola – O intuit dos sublevados – Prisões de alliciadores na Escola do Realengo – Preparativos de ataque – A columna atacante – O reconhecimento – Regresso da columna – As providencias no mar – As desordens nas ruas – Interrupção do trafego de bonds – Mortes e ferimentos – Notas diversas.

Após onze annos de vida pacifica conquistada a partir de muito lucto e de muito sangue, a Republica está novamente em crise. O que até hontem á noite não parecia ser senão a arruaça habitual no Rio de Janeiro, sem maior gravidade do que a resultante da desordem e da indispensavel repressão, assumiu, ás primeiras horas dessa noite, um caracter immensamente mais grave e profuncamente lamentavel: generaes do exercito, officiaes de alta patente sublevaram parte do corpo de alumnus da Escola Militar, tentaram sublevar os alumnus da Escola do Realengo.”[32]

Em 15 de novembro, os tumultos continuaram, sendo os maiores focos no Sacramento e na Saúde. Continuaram os ataques às delegacias, ao gasômetro, às lojas de armas. No Jardim Botânico, operários de três fábricas investiram contra os seus locais de trabalho e contra uma delegacia. Estivadores e foguistas reivindicaram junto às suas empresas a suspensão dos serviços. Ocorreram conflitos ainda nos bairros do Méier, Engenho de Dentro, Encantado, São Diego, Vila Isabel, Andaraí, Aldeia Campista, Matadouro, Catumbi e Laranjeiras.

Horácio José da Silva, conhecido como Prata Preta, liderou as barricadas na Saúde e os jornalistas acompanharam os episódios, com visitas a alguns locais de conflito. Assim descreveram o episódio: “[…] multidão sinistra, de homens descalços, em mangas de camisa, de armas ao ombro uns, de garruchas e navalhas à mostra.”[33] A Marinha atacou os rebeldes e as famílias fugiram medrosas. Em 16 de novembro, o governo decretou o estado de sítio, mas os conflitos persistiram em vários bairros. As tropas do Exército e da Marinha invadiram a Saúde, aprisionando Prata Preta.

Em decorrência da convulsão social exacerbada, o governo findou por revogar a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. A polícia aproveitou os tumultos e realizou uma varredura das pessoas excluídas que perambulavam pelas ruas da capital da República. Todas foram enviadas à Ilha das Cobras, espancadas, amontoadas em navios-prisão e deportadas para o Acre, a fim de trabalharem nos seringais. Muitas não chegaram ao destino, pois morreram durante a viagem.

A revolta deixou um saldo de 30 mortos, 110 feridos e 945 presos, dos quais 461 foram deportados para o Acre.

Em fevereiro de 1905, o quadro epidêmico da varíola na cidade do Rio de Janeiro indicava a doença como quase erradicada. Mais uma vez, Gil Vidal associou o evento às ações de Oswaldo Cruz: “Felizmente não se têm realizado as tristes prophecias do sr. Cruz. S. ex. tambem annunciou o incremento formidavel da variola sem a vaccinação obrigatoria. Esta caíu, e a variola, longe de recrudescer, quasi que desappareceu.”[34]

Nota final

Episódios lamentáveis como os relatados neste trabalho, destacam a relevância da autoconscientização dos indivíduos frente às novas descobertas da Medicina. Se, no início do Século XX, os criadores das políticas de saúde tivessem como referencial princípios bioéticos hoje decantados, conflitos dessa natureza seriam evitados, pois a Bioética se perfaz num eficiente e eficaz instrumento de trabalho para mediação das situações motivadas por conflitos. Pesquisa recente, sobre a produção bibliográfica bioética brasileira, nos últimos doze anos, demonstrou que assuntos diretamente relacionados à saúde pública corresponderam a menos de 1% dos trabalhos realizados.[35] Por isso, faz-se necessária a incrementação de estudos que se relacionem com o tema bioética associado à saúde pública.

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Notas:

[1] A TERCEIRA discussão, n. 1.206, p. 1, 1º out. 1904.
[2] Idem.
[3] PREPARATIVOS para a violencia? n. 1.211, p. 1, 6 out.1904.
[4] A VACINA, n. 7303, p. 1, 6 out. 1904.
[5] VACCINAÇÃO obrigatoria, n. 1.212, p. 1, 7 out. 1904.
[6] VACCINA ou morte, n. 1.212, p. 1, 1904.
[7] VACCINAÇÃO obrigatoria, n. 1.214, p. 1, 9 out. 1904.
[8] BRICIO FILHO. Vaccinação obrigatoria, n. 1.215, p. 1, 10 out. 1904.
[9] OS PERIGOS da vaccina: retrato de uma victima, n. 1.218, p. 1, 13 out. 1904.
[10] ALVES, fev. 2013.
[11] APELLO ao povo: contra a vaccinação obrigatoria, n. 1.241, p. 1, 5 nov. 1904.
[12] LIGA contra a vaccinação obrigatoria, n. 1.242, p. 1, 6 nov. 1904.
[13] VIDAL, n. 1.245, p. 1, 9 nov. 1904.
[14] A LEI do arrocho: regulamento monstruoso: violências inqualificaveis: ultrage ao povo, n. 1.246, p. 1, 10 nov. 1904.
[15] Idem.
[16] VIDAL, n. 1.247, p. 1, 11 nov. 1904.
[17] A LEI do arrocho: na Camara, n. 1.247, p. 1, 11 nov. 1904.
[18] CONFLICTOS de hontem: vaias e arruaças, n. 7339, p. 1, 11 nov. 1904.
[19] ARRUAÇA policial: novas violencias, n. 1.248, p. 1, 12 nov. 1904.
[20] LIGA contra a vaccinação obrigatória: grande reunião popular, n. 1.248, p. 1, 12 nov. 1904.
[21] OS FACTOS de hontem: as arruaças: a reunião no Centro das Classes Operarias: correrias: providencias da policia: vaias: no Largo de S. Francisco, n. 318, p. 1, 13 nov. 1904.
[22] BRICIO FILHO, n. 1.249, p. 1, 13 nov. 1904.
[23] PANGLOSS, n. 7341, p. 2, 13 nov. 1904.
[24] VACCINAÇÃO obrigatoria: reacção do povo, n. 1.250, p. 1-2, 14 nov. 1904.
[25] OS CONFLICTOS de hontem: mortes e ferimentos, n. 319, p. 1, 14 nov. 1904.
[26] Idem.
[27] OS CONFLICTOS de hontem: mortes e ferimentos, n. 319, p. 2, 14 nov. 1904.
[28] Idem.
[29] OSWALDO Cruz: o médico do Brasil: a revolta da vacina, 2016.
[30] Idem.
[31] VACCINAÇÃO obrigatoria: reacção do povo, n. 1.251, p. 1, 15 nov. 1904.
[32] A SUBLEVAÇÃO da Escola Militar, n. 7343, p. 1, 15 nov. 1904.
[33] Cf. CRONOLOGIA da Revolta da Vacina,  2016.
[34] VIDAL, n. 1.305, p. 1, 5 fev. 1905.
[35] BRAGA, apud GUEDES, 2004, p. 1765.

Referências

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LIGA contra a vaccinação obrigatoria. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno IV, n. 1.242, p. 1, 6 nov. 1904. Director Edmundo Bittencourt.

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OS CONFLICTOS de hontem: mortes e ferimentos. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, Anno XXXI (A), n. 319, p. 1-2, 14 nov. 1904.

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OSWALDO Cruz: o médico do Brasil: a revolta da vacina. Projeto Memória 2003, Banco do Brasil. Disponível em: http://www.projetomemoria.art.br/OswaldoCruz/biografia/02_revolta.html. Acesso em: 11 out. 2016.

PANGLOSS. O dia. O Paiz, Rio de Janeiro, Anno XXI, n. 7341, p. 2, 13 nov. 1904.

PREPARATIVOS para a violencia? Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno IV, n. 1.211, p. 1, 6 out. 1904. Director Edmundo Bittencourt.

VACCINA ou morte. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno IV, n. 1.212, p. 1, 7 out. 1904. Director Edmundo Bittencourt.

VACCINAÇÃO obrigatoria. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno IV, n. 1.212, p. 1, 7 out. 1904. Director Edmundo Bittencourt.

VACCINAÇÃO obrigatoria. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno IV, n. 1.214, p. 1, 9 out. 1904. Director Edmundo Bittencourt.

VACCINAÇÃO obrigatoria: reacção do povo. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno IV, n. 1.250, p. 1-2, 14 nov. 1904. Director Edmundo Bittencourt.

VACCINAÇÃO obrigatoria: reacção do povo. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno IV, n. 1.251, p. 1-2, 15 nov. 1904. Director Edmundo Bittencourt.

VIDAL, Gil. A condemnação dos expurgos. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno V, n. 1.305, p. 1, 5 fev. 1905. Director Edmundo Bittencourt.

VIDAL, Gil. Agitação honrosa. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno IV, n. 1.245, p. 1, 9 nov. 1904. Director Edmundo Bittencourt.

VIDAL, Gil. O monstruoso projecto. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, Anno IV, n. 1.247, p. 1, 11 nov. 1904. Director Edmundo Bittencourt.

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